quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

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O meu novo blog, o Final Secreto, está pronto; vai ser aonde eu vou continuar as idéias do Gamer Atrasado, mas com mais liberdade estrutural (eu imagino se alguém além de mim mesmo entende o que eu quero dizer com isso...).Esse será um blog com algumas diferenças em relação a este aqui; primeiro, aos invés de falar apenas de jogos mais ou menos antigos, ele falará de jogos de todos os tipos (novos, velhos, muito velhos,de dez minutos, de oitenta horas...), bem como de assuntos relativos á eles.Ele terá postagens mais constantes (e mais curtas, creio eu), e será menos autista em relações aos comentário.Porém, os textos-viagens, as referências deslocadas, as opinio~es extremadas e os títulos de postagens esotéricos continuarão! Eu também vou tentar arranjar mais leitores, quem sabe

Ah, e pra você, visitante de um tempo não especificado, que por alguma razão caiu neste (agora definitivamente terminado) blog, aqui um índice prático das críticas de jogos realizadas no período 2007-2009:


Psychonauts
Paper Mario
American McGee's Alice
System Shock 2
The Legends of Zelda: Ocarina of Time
Ape Escape
Crimson Skies
Max Payne
Astro Boy:Omega Factor
Suikoden 2
Grand Theft Auto 3
Silent Hill
Deus Ex
Planescape:Torment
Einhander
Grim Fandango
Vagrant Story

Half-Life 2
Brave Fencer Musashi
Ikaruga
Megaman X4
Metroid Prime
Dungeon Keeper 2
Serious Sam
Mother 3
Freedom Force
Wild 9
Pikmin
Halo


quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O Gamer Atrasado está morto. Vida longa ao Gamer Atrasado!

Eu sei o que deve estar parecendo; a minha costumeira mensagem de final de ano, aquele espaço precioso no qual eu posso falar coisas que não necessariamente tem a ver com jogos antigos ou algo do tipo.Mas, pelo que se pode observar das minhas últimas postagens, (a última aconteceu á três meses atrás), a última mensagem dessa natureza nem apareceu faz tanto tempo.Na verdade, o vácuo de conteúdo desse blog foi gerado por uma variedade de razões, como a minha TV quebrar, o computador funcionar com algumas sérias interrupções, e, claro, o final de período da faculdade.Porém, é fato que o formato que eu encuquei de utilizar para esse blog se tornou um pouco exaustivo com o tempo (veja o começo da última análise, um post abaixo), além de tornar uma obrigação mental uma atividade que devia ser, sabe, divertida.

Dois anos e meio atrás (!), quando eu comecei a escrever, eu estava muito empolgado, pois nunca havia mantido um blog por muito tempo; como esse é um assunto que me interessa, pensei "porque não, sabe?".Porem, eu criei certas manias para conduzir o blogo; para ter imparcialidade, só analisei jogos que eu cheguei a terminar, para ter noção do conjunto (houve uma exceção, mas o jogo deu pau e eu perdi os meus saves - toda neurose perfeccionitsa tem o seu limite).Com isso, o ritmo do blog se tornou um tanto lento visto que, conforme o tempo foi passando, meu tempo livre se tornou mais escasso.São coisas que acontecem quando se fica mais vleho, eu acho.

Então, tivemos uma análise por mês, durnate a maior parte do tempo, quando tinha isso.Por outro lado, o resultado se mostrou bastante positivo, porque as análises foram ficando cada vez mais detalhadas, e lidando com tópicos mais complexos do que eu imaginaria quando comecei o blog.Na minha opinião, a maioria das análises disponíveis por aí são de uma superficialidade terrível; além de não sair da tríade gráficos-som-jogabilidade (primeiro, gráficos são um veículo para o design, não o contrário;, segundo, francamente, som? tipo, sério?; e terceiro, jogabilidade é uma palavra inventada que quer dizer um monte de coisas, mas boa parte das pessoas que usam não fazem idéia do que ela quer dizer - também tem uma sonoridade péssima), coloca o jogo num nível de produto, e não de obra criativa.È como comparar a diferença um liquidificador e um Rembrandt.

(essa é minha frase pretensiosa do dia)

Minha avaliação de um jogo é dada por outros fatores, como a criatividade das idéias, o esforço dos planejadores e desenvolvedores em se comunicar com o jogador (você nunca teve a sensação, jogando um jogo, que quem planejou aquilo achava que nenhum ser humano ia jogar?), o que eles queriam passar para quem estivesse experimentando sua criação, e, principalmene, o impacto emocional da experiência como um todo.Este último elemento é o que eu julgo mais importante num jogo, é algo que está faltando nessa era de jogos de "arte" auto-indulgentes, polêmicas enlatadas, "franquias e "propriedades intelectuais".

Bom, eu poderia passar a boa parte desde última dia do ano (e da década!) vestindo meus pijamas e sentado na frente do computador, enquanto escuto os últimos gigas de musica que eu baixei durante a semana (ter espaço no HD é uma maravilha, vou te contar), e digito maniacamente sobre a importância das mensagens nos jogos, sobre os politicos malvados e ignorantes que querem banir, e sobre outros milhões de assuntos que passaram pela minha cabeça nesses últimos anos.Mas o Gamer Atrasado simplesmente não é mais o melhor veículo para isso.

Então, isso quer dizer que este é o fim do Gamer Atrasado.

Mas eu também, em breve, vou começar outro blog, então, continuamos.

Então, eu gostaria de agradecer a todo mundo que apoiou este modesto blog durante estes anos.Tá, eu faço isso em todo aniversário do blog e mensagem de fim de ano.Então, pensei em fazer alguma coisa mais legal.

Quem comenta no blog deve te percebido que eu não tenho hábito de responder comentários; creio que todos os meus argumentos já estão expostos no texto, e a área de comentários é espaço para os leitores.Eu disse várias vezes que é por isso, não porque eu não ligue pra vocês, meus queridos leitores, que eu sei que existem.Ma verdade, eu amo vocês.Cada um de vocês.E por isso, eu resolvi responder cada comentário de cada análise do blog nas próximas linhas.Tá certo que boa parte daqueles que comentaram nunca vão ler isso, mas isso é metade da graça.

Vamos lá!

A maioria das pessoas certamente nunca vai ver essas respostas, mas essa é metade da diversão!



Psychonauts-

Lorenna: É, é um ótimo jogo!Acho que você devia jogá-lo sim.

IIqs: Spoiler-O final secreto só mostra que Linda tinha um caso com o Mr.Pokeylope.Nâo vale tanto a pena assim.Procura no Youtube.

diego-mr6: Porque as pessoas são chatas e perdem o tempo jogando CS e Winning Eleven, meu caro!


Paper Mario-

Sofia: Um ornitorrinco é muito mais fofucho que um Paper Mario.Em qualquer dia.

Anônimo: Valeu cara.Foram mensagens de apoio como essa que me estimularam a continuar com esse blog por tanto tempo.


American McGee's Alice-

Lorenna: Use torrents.É o que eu faço.Ops, quer dizer, ABAIXO A PIRATARIA!


System Shock 2-
Comentário:Minha frase preferida deste site esta nessa análise:
"O projeto chama-se Bioshock,e tem previsão de lançamento para ainda este mês.Pelo que eu vi até agora parece ser animal"
Ah, meus 16 anos...

Serginho: System Shock é realmente incrível!Apesar da análise estar meio xumbrega, é um dos meus jogos favoritos que passaram pelo GA.


The Legends of Zelda: Ocarina of Time-


lorenna: Zelda é legal.Sério.

Botto =D: Pois é, saudades da era do 64...Sim, agora, com o tempo passado, eu to vendo que Ocarina of Time, não é lá essas coisas (Twilight Princess é melhor - yup, eu disse isso).OS chatos que sempre colocam em primeiro lugar nessas listas estão obviamente cegados pela nostalgia.Mas e aí Botto, como é tá?Você nem me falou como foi o show do The Killers! Tá fazendo o que da vida?Vamos nos falar um dia desses....

CresceNet: Vão para o inferno.

Anônimo: Hummm...UM bom lugar pra começar a procurar é no Gamefaqs, eles tem um depósito de save files, se eu não me engano.MAs não use emuladores, cara, eles estragam a experiência.


Ape Escape-

Sofia: A piadinha foi em virtude do fato de que eu tinha acabado de comprar meu ingresso pro show do Arctic Monkeys nesse dia.Grande show.Pena que vocês não conseguiram dar biscoitos pra eles...

Paula: É...Grande jogo.Já tentou as sequências pro PS2?

Anônimo: Um dia você me empresta, OK?

Crimson Skies-

Comentário: Pulp não é nada mais do que uma denominação dada á literatura barata de aventura do começo do século passado.Esse nome é dado porque o papel usado era muito vagabundo, de "polpa", daí a denominação "pulp fiction" (grande filme, aliás).

Amigo: Na época que eu joguei, rodou no XP perfeitamente...Bom, continue tentando.Esse jogo vale totalmente a pena (apesar de ser difícil á beça).


Max Payne-

Comentário:Max Payne, o filme, é um lixo.

Sofia: Mas tiroteios SÃO divertidos!

Rafael: Na verdade, tem bem mais referência do que o nome do nightclub RagnaRock; Personagens como Alex Balder (Baldur),Alfred Woden (Odin, o cara tem até um tapa-olho), e coisas como Prédio Asgard, a droga Valkyr, Projeto Valhalla...Se não acredita em mim, cheque a Wikipédia!E até hoje eu fico adiando jogar Max Payne 2...

Astro Boy:Omega Factor-

Ninguém comentou? Mas esse jogo é tão legal...

Suikoden 2-

Marcos Diniz: Jogue SUikoden! É um dos poucos RPGs de PSX que eu de fato consegui acabar (os bichos são muito longos...).É bastante similar em estilo e forma de jogar aos RPGs de Super Nintendo, também.Você gosta de jogos de RPG de ação? Pro PSX você pode tentar Alundra os Legend of Mana.Eu tentei joga pra esse blog, mas bateu preguiça...

Daniel Costa: O que me lembra, eu tenho que zerar Golden Sun um dia desses!

Anônimo: Yup joguei.Graficamente é perfeito, mas é meio raso em termos de jogabilidade.E se eu não me engano, nessa parte você tem que encontrar o Shu em Radat.Na dúvida, consulte um guia.

Anônimo: Pra pegar o Muku-Muku, va pra Kyaro Village, acha a árvore grande, e cheque ela três vezes.Isso é bem no comecinho do jogo, mas você pode voltar pra lá mais tarde.E a batalha contra Luca Blight é sem dúvida uma das melhores EVER!!!


Grand Theft Auto 3-

Comentário:Gente olha a referência datada na viagem-de-final-de-análise!Tropa de Elite! Nossa, isso é TÃO 2007...TAmbém, 5 comentários!Meu recorde!

Serginho: Nós, defensores dos jogos estamos nos acostumando a pergar em armas contra todo ignorante que queira atacar esse meio.É meio triste, mas é a única forma que eu conheço; se manifestar.

The Rabbit: Infelizmente, a política desse país é muito estranha.

Also, one pill makes you larger, one pill makes you small...

porco punk: Criancinhas me dão calafrios...

The Habbit (o original): Educativo é um conceito..relativo.

AnÔnimo: Disponha.


Silent Hill-

Nenhum comentário, também? Oras, deve ser porque essa análise abusa das metáforas toscas.O que é a frase que acaba o último parágrafo?!?!?


Deus Ex-

Sofia:Que posts eram esses mesmo, hein? E sobre a propaganda, estou fazendo há algum tempo já.Mediante os favores excusos e impublicáveis, claro.


Planescape:Torment-

Comentário:Provavelmente meu jogo favorito em toda a história do blog, o fim do jogo, e por consequencia, essa análise, aconteceram num momento em que o meu marasmo pessoal passou por uma, hã, quebra de paradigma, e em que várias coisas acabaram funcionando cmo uma explicação para outras.Ai, ai.Pena que as coisas acabaram acabando tão mal.Mas eu gostava dela, acho que isso que importa.

Sofia: Que post eram esses????

Blizzy:Post errado, cara...

Kev: Shadowman é legal, mas Planescape, é tipo, O jogo.


Einhander-

Sofia: Por falar nisso, você me devolveu meu cartucho do Wario Ware?Eu nunca mais achei...Mas de qualquer forma, meu Gameboy tá quebrado há anos mesmo...

WiroN: Não entendi, pai

Grim Fandango-

aron: Yup, de fato, a atenção com detalhes e a narrativa de Grim Fandango é difícil de encontrar até hoje.

Nocturna: Volte! É muito legal! Falar nisso, como é que anda, Karen? Fazendo o que da vida?

Anônimo: Acho que é o meu pai de novo.


Vagrant Story-

Esse eu não entendi, até porque, esse post gerou um pouco de polêmica.Explica-se: eu costumava postar nas comunidades do Orkut dos jogos avisos sobre as análises dos jogos quando as colocava no blog.Tudo ia bem(exceto nas comunidades de Deus Ex e PLanescape Torment, que deletaram meus posts), porém, na comunidade de VS, surgiu uma polêmica tremenda á respeito das críticas que eu fiz sobre o jogo.O pessoal não se conformou!O que eu quis dizer é que o jogo tem uma série de falhas de interface e de complciações desnecessárias que o tornam muito difícil de encarar por jogadores comuns.É preciso um nível de dedicação muito grande para encará-lo.Porém, (há, porém) esse jogo é muito bom! O sistema, falhas á parte, é muito bem pensado, e viciante quando você (finalmente) pega o jeito.Também, a história madura e inteligente é de longe a melhor coisa que a Sqare publicou, em termos de narrativa, durante essa década, com provavelmente um dos melhores trabalhos de tradução do japonês para o inglês de todos os tempos.Sim, é um dos meus favoritos do blog.


Half-Life 2-

Anônimo e adivinha:

Pai, você também é FODAAAAA!!!! (legal, o primeiro palavrão do Gamer Atrasado!!!)


Brave Fencer Musashi-

JulioZ: Realmente, quando Musashi é ruim, ele é péssimo.Mas quando ele é bom, ele é ótimo!


Ikaruga-

Ninguém comentou?????Mas Ikaruga é um dos meus favoritos... Melhor shmup de todos os tempos?Talvez não, mas é certamente obrigatório, se você está minimamente interessado em jogos de qualidade.

Também, eu de fato zerei Ikaruga sobre a influência de álcool.Acredite, ajuda.Mas só no dia seguinte que eu descobri que eu tinha liberado os continues infinitos.Diabo, justamente quando eu ia contar vantagem!


Megaman X4-

È ninguém comentou esse também.Mas não posso culpá-los, esse jogo não tem nada de mais.Porém, tem o meu título preferido, porque essa música do Daft PUnk faz justamente um comentário sobre o sistema de produção em série mecanizando o homem.E os caras do Daft Punk são robôs!Wow, Megaman é uma série sobre robôs, que tem uma produção extremamente mecanizada!Melhor não pensar muito nesse assunto...


Metroid Prime-

Comentário:Tdo mundo que chama Samus Aran de O Samus no Smash bros merece uma surra em praça pública.Junto com o pessoal que chama o Link de Zelda, lava de larva, e o Bowser de Browser, e o Mario de Mario Bros.

Daniel Guimarães Costa: Hum...Sonic Adventure 2 era uma alternativa para ser análisado nessse blog, mas eu fiquei com medo da sua reação e a do seu irmão as minha crítica destrutivas...

A.L.A.S: Valeu.Também sou fã DA Samus!


Dungeon Keeper-

Daniel Guimarães Costa: Eu também tenho que jogar Gothic um dia, sempre tive curiosidade...

Cesarkun: KOTOR é muito legal!Acho que é mais legal que Dungeon Keeper...

A.L.A.S: Quem precisa ser sucinto? Não nós, certamente!

Anônimo: Alguém me explica que eu não entendi.


Serious Sam-

Comentários:Fizeram um remake desta trosoba? Pra quê?

Sofia: Eu faço as referências, vocês pescam...E show do Franz Ferdinand em março, partiu?

A.L.A.S: Eu acho que nós devíamos fazer um outro podcast um dia desses, sabe...


Mother 3-

Hugo GRA: Lufia é bem legal!PEna que eu nunca avancei muito mais do começo...E eut enho que zerar Earthbound um dia desses!

Anônimo:Valeu!


Freedom Force-

Quadrinhos de super-heróis são nicho, como essa análise....Mas eu ainda leio.Aliás, alguém aí tá acompanhando Crise Final? Grant Morrison, é um gênio, um drogado maluco, ou os dois?


Wild 9-

GMF: Eu te respondi, por e-mail, não? De qualquer forma, Super Mario RPG é sem dúvida dez, nota dez!


Pikmin-

Nenhum comentário?Isso que dá falar mal do Miyamoto...


Halo-

A.L.A.S: Meus pensamentos exatos. A imprensa gosta de ficar incensando umas coisas, que vou te contar...

César Martins: A opinião é o que conta!Valeu!





É, então é isso.

domingo, 27 de setembro de 2009

Um momento da sua atenção

Pois é, lá vou com os posts fora de tema de novo.Bem, acho que eu não consigo evitar...

Enfim, apesar deste humilde blog ser obscuro toda vida, o belo site de jogos EArena Games (eu tenho que puxar o saco,ué...), como parte da sua série de reportagens sobre os mais diversos blogs brasileiros sobre jogos, publicou uma entrevista feita comigo sobre o Gamer Atrasado recentemente.A série é bem legal, e já entrevistou vários blogs bacanas, como os dos meus parceiros de Retrocast, Game Retrô e First Stage; quem estiver afim de ler a entrevista, pode conferir aqui.

(Só ignorem a minha foto, por favor...)

sábado, 26 de setembro de 2009

Space Marines Must Die!!!

Na cena criativamente estagnada e forçadamente derivativa em que nos encontramos, são poucos jogos conseguem ascender de meros lançamentos da semana para uma posição mais culturalmente duradoura.Destes que conseguem, menos ainda fazem o proeza de se tornarem importantes o suficiente para se tornarem eventos culturais, influenciando não só os jogos á sua volta, mas de certa forma todo panorama "zeitgeistico" de toda uma geração.Mas raro mesmo sejam aqueles que conseguem tudo isso sem ter qualquer característica definitivamente revolucionária.Mas como essa nossa cultura contemporânea pós-moderna é uma bagunça dos infernos mesmo, vamos deixar de soliloquar e ir logo pro texto.

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Sabe, escrever é difícil.Tipo, muito difícil.Pra mim, na maioria das vezes, não é só uma questão de vontade ou de comprometimento; precisa de uma combinação sutil de tempo, ânimo e força de vontade.Ou tem outras vezes que os textos simplesmente saem sem dificuldade.Esse é provavelmente o problema com esse blog.Às vezes, escrever pra cá pode ser brutalmente estafante, antes mesmo de começar, e nem sempre é recompensador.Olha, é que eu gosto de escrever, mas o que sai aqui normalmente não é algo que eu possa sair mostrando para todo tipo de pessoa dizendo "Olha, que legal!".Sabe, ainda se fosse um blog de cinema, ou música; tem gente que escreve sobre o Wim Wenders ou o Arcade Fire; já o meu material é Serious Sam.Mas como eu não faço mais nada de útil na minha vida, é isso que parece (ou eu acho que parece - se só esse pequeno parágrafo incerto não denuncia, eu sou levemente neurótico).Mas, como eu já devo ter mencionado mais vezes do que me lembro, mas menos do que seria necessário para fixar a idéia no inconsciente do meu leitor hipotético, a idéia de escrever a respeito de um tema é justamente o que mantém esse blog vivo, ainda que em algumas vezes (tá, em quase todas), dê uma preguiça desgraçada começar.Eu sei, eu sei, eu normalmente começo os textos com "X foi lançado no ano Y pela produtora W", mas é que o primeiro parágrafo, a introdução da crítica (porque eu enchi o saco de chamar meus textos de análises - isso é o que a gente faz na escola/faculdade/pós-graduação pra ganhar uns pontos a mais) já foi escrito há dois meses, enquanto o corpo do texto permaneceu inexistente, e eu agora resolvi investigar as razões pelas quais simplesmente eu padeço dessa leniência mental.

Pois é, chega de soliloquar.


Então, Halo:Combat Evolved foi lançado em 2001, pela Bungie, para o então novo console da Microsoft, o Xbox.Creio que, se você entende algo que seja de jogos, já deve ter ouvido falar desta peça aqui; deste o seu lançamento, ele se tornou o mais popular, e por consequência, o jogo-símbolo da caixona preta da empresa do diabólico magnata e filantropo Bill Gates.O curioso é que o principal trabalho da Bungie antes havia sido a trilogia Marathon, uma série de jogos de tiro em primeira pessoa exclusiva para... Macintosh.Bom, isso é ironia, mas o Steve Jobs também deve ter uma parte com o capeta, então, creio que está tudo em casa.Mas associações demoníacas juvenis á parte, vale lembrar que essa crítica não está sendo baseada na versão de Xbox, e sim, na adaptação lançada para PC em 2003; acreditem, não há nada que me interesse muito no Xbox original, além de Ninja Gaiden e a sequência de Crimson Skies (e uns jogos obtusamente obscuros, tipo Gunvalkyrie, Phantom Dust e Oddworld:Strangers Wrath), que me valha o investimento de achar um que funcione.Além do mais, jogar essa versão ao invés daquela que fez o jogo famoso, permite perceber o seu design em uma escala mais crítica.


Explica-se: Halo é um jogo de tiro em primeira pessoa.Você saracoteia por ai, arranjar armas, e atira contra inimigos que, olha só, também atiram em você.Existem umas outras coisas diferentes, como dirigir veículos e tal, mas o jogo não perde muito tempo com bobagens como variações de jogabilidade e desafios cerebrais, e foca mesmo no combate.Mas o negócio é, á época do seu lançamento, supostamente, os jogos de tiro em primeira pessoa ainda não tinham conseguido decolar nos consoles (que acha isso certamente nunca jogou Goldeneye, mas enfim), e Halo trouxe uma série de inovações á respeito da jogabilidade.Em princípio, algumas diferenças dos jogos de tiro de então; pra começar, O sistema de energia em Halo não é uma linear, ele é estrutura em uma barra linear, que se esgota com alguma rapidez, mas se regenera se você esperar algum tempo;toda vez que essa barra é esgota, são consumidas uns quadradinhos que ficam localizados embaixo dela na tela.Uma vez acabados os quadradinhos, é fim de jogo.Como a vida do jogador se regenera, se cria um equilíbrio algo delicado na manutenção da sua vida, forçando o jogador á prosseguir com mais cautela se ele tem poucos quadradinhos.Isso cria uma progressão que é um pouco mais pausada e minimamente estratégica (embora o design de níveis raramente tira proveito disso para criar situações de combate empolgantes - mais nisso daqui á pouco) do que no FPS tradicional, que prioriza os reflexos rápidos.


Outra diferencial que adequou o jogo para o console se dá no trato das armas adquiridas pelo jogador; ao invés de ir pegando armas e ir acumulando um verdadeiro arsenal (pra no final das contas só ficar usando duas ou três armas mesmo), em Halo, o jogador só pode carregar duas armas de cada vez, se reabastecendo e trocando com as armas largadas pelos cenários.Embora essa limitação reduza um pouco a liberdade de formas de jogar o jogo, ela força o jogador a pensar um pouco em qual armas seria mais apropriada para cada situação.Só existem umas dez armas no jogo, e, embora eu realmente gostaria de dizer que existe uma para cada situação específica, isso não acontece lá com muita frequência, especialmente com a falta de variedade dos oponentes.As armas podem ser dividas em dois grupos, as dos humanos, e as da facção alienígena que é nossa inimiga declarada da vez.Enquanto as armas terráqueas são bastante tradicionais dos conhecedores de jogos de tiro (pistolas, rifles de assalto, espingardas, lança-mísseis), usam munição que deve ser encontrada, e demoram um pouco mais para recarregar, as armas dos aliens são todas baseadas em energia, então, não precisam ser recarregadas (acabou a energia? Joga fora!), podem superaquecer se usadas rapidamente sem pausa, e, segurando o botão de tiro, elas emitem um disparo mais poderoso.Existe ainda uma arma alien bastante curiosa, a Needler, que emite disparos que seguem os inimigos, grudam neles e depois explodem.È uma pena que, apesar de ser a única arma diferente do jogo, é também a mais inútil.Há também dois tipos de granadas diferentes; as normais, que explodem rapidamente, e as de plasma, que grudam em superfícies e inimigos, e explodem depois de um tempo.


Bom, eu já expliquei como você mata seus inimigos, mas não quem são eles, ou quem é você.Os detalhes da trama de Halo são mais ou menos conhecidos daqueles até minimamente familiares com o jogo; tem esse cara de armadura, o Master Chief, que mata os aliens e salva o mundo.Na verdade, a trama de Halo é um pouco mais complexa que isso, mas boa parte dessa complexidade emergiu naqueles projetos pós-ganho de popularidade do jogo, tipo, livros, gibis e o escambau (as novelizações Halo conseguiram uma popularidade surpreendente lá fora, chegando até a figurar em listas de mais vendidos - o que, hoje em dia, em que essas listas estão cheias de coisas como, sei lá, Crepúsculo ou Paulo Coelho, não quer dizer muita coisa).Bom, com o jogador no controle do estóico supersoldado especial, o jogo começa na espaçonave Pillar of Autumm (agora você já sabe qual vai ser a profissão dos poetas desempregados do futuro - dar nome á espaçonaves), que está fugindo de um planeta que acabou de ser atacado pelos Covenant, os tais dos aliens malvados, com quem os humanos estão engajados numa guerra sangrenta.A nave acaba sendo interceptada pelos Covenant, e é derrubada, caindo numa estrutura próxima, um bizarro planetóide em forma de anel.


Master Chief e sua fiel escudeira, Cortana, a inteligência artificial em forma de adolescente roxa de cabelo curto, saem para explorar o lugar, e acabam descobrindo que o lugar possui uma importância religiosa para os Covenant, e por isso, está cheio deles.Muitos combates acontecem, você dirige uns veículos legais, e acaba descobrindo que o tal anelzão que dá nome ao jogo guarda um segredo que pode ameaçar todo o universo, e pra variar, é sua missão impedir.Enquanto, em termos de narrativa de jogo clássica, aquele que serve como um meio para um fim, a história funciona, com direito á algumas ceninhas surpreendentemente divertidas (como uma discussão entre Cortana e uma bolinha-robô flutuante bipolar de sotaque inglês), se alguém vier dizer pra você como a história de Halo é boa, bom, aconselho se afastar desse indivíduo (ou melhor, empreste pra ele uma cópia de Planescape:Torment).Apesar do charme de blockbuster-com-algo-a-dizer, não há nada aqui que salte a vista, e embora haja uma reviravolta lá pelo meio da história, ela serve mais para introduzir um novo tipo de inimigo (os parasitas-zumbis-orgânicos conhecidos como The Flood) do que para dar uma sacudida no jogador (o que é até bom, já que até aí eu já tava cheio de lidar com os mesmos quatro tipos diferentes de Covenant disponíveis).É válido mencionar que A Grande Revelação parece ser a grande muleta das narrativas modernas, como se toda história precisasse surpreender ou ser mais esperta que o jogador para, sabe, ser boa!O pior é que isso faz com que o público geral acabe por valorizar muito mais enrolações e hermetismos cosméticos de roteiro do que ou alguma coisa genuína a dizer.


As analogias bíblicas presentes (Halo significa 'auréola", como a dos anjos, Covenant remete á idéia de pacto divino, e The Flood é uma óbvia referência ao dilúvio) também estão lá mais para dar uma impressão de profundidade do que refletir alguma coisa sobre a narrativa, mais ou menos como os nomes dos Summons em Final Fantasy, ou as referências á mitologia nórdica em Max Payne.Porém, a seu favor, o jogo ainda tem uma identidade visual única, que certamente o coloca á parte da inescapavelmente genérica produção de ficção científica moderna.Os visuais das roupas e armas dos Covenant são bem viajantes e distintamente "aliens", enquantos eles próprios são bem diferentes do típico etê insetóide (os menorzinhos, os Grunts, são baixinhos e cuti-cuti, e parece que não estariam fora de lugar num jogo da Nintendo).Os cenários, por sua vez, alternam entre instalações igualmente doidas, e imensos cenários, perfeitos para serem percorridos pelos veículos.O problema é que o design de níveis, em algumas fases, é ruim de doer; existem algumas fases que basicamente repetem os mesmos padrões de níveis com de corredores estreitos e salões amplos de novo, e de novo, e de novo, até o jogador começar a questionar se não está jogando um save antigo (ou questionar a própria sanidade).A imensa maioria das fases tem um layout preguiçoso, salvo raras exceções (como o nível de introdução dos Flood, ou uma fase passada numa ilha que pode ser circulada á vontade).Mas pelo menos Halo tem uma bela trilha sonora, que incluí um dos temas mais memoráveis da história recente dos jogos.


Mas com tudo isso que foi falado, ainda não cheguei no ponto principal do sucesso de Halo; o seu modo multijogador.Graças ao modem embutido do Xbox, este jogo foi um dos grandes responsáveis pela popularização da jogatina online nos consoles, algo que, hoje em dia, é via de regra nos títulos Triple-A.Apesar da idade, Halo para PC online tem ainda muitas seguidores, o que permitiu que esse experimento foi feito.Pois bem, aí temos o primeiro jogo do Gamer Atrasado cujo componente online foi analisado.E como foi?

Bom, nada demais.

Veja bem, Halo online é bem divertido; tem os modos clássicos (mata-mata, capture a bandeira, e tal), a ação é dinâmica, e a presença de dos veículos torna o combate mais interessante (o Warthog, por exemplo, pode ser dirigido por um jogador, enquanto outro assume a artilharia, enquanto a Banshee é um veículo voador que é bastante satisfatório de controlar).É básico, mas funciona, embora a minha mentalidade pós-Team Fortress 2 me faça o achar simples demais (esse foi o único jogo online que eu dediquei - e eventualmente, ainda dedico - uma quantidade considerável de tempo).As decisões de design que fazem do modo para um jogador ter um ritmo diferente, mais estratégico, porém, não surtem muito efeito aqui, já que a tendência é escolher uma arma, lutar, morrer, voltar e começar de novo.No mais, não existe nada que o torne muito diferente dos outros tantos zilhões de jogos de tiro em primeira pessoa por aí.O quê realmente fez diferença para Halo, talvez, seja o fato de que ele estava no lugar certo, e na hora certa; para decolar, o Xbox precisava de um jogo que mostrasse suas capacidades, e este foi a resposta.


Mas o tempo passa, e as rachaduras na estrutura começam a aparecer.Hehe, essa é a graça de fazer esse blog; dá pra julgar os jogos por o que eles realmente são; as tendências mudam, os gráficos ficam mais bonitos, e só o design deles persiste.Como as críticas são feitas no momento do seu lançamento, um jogo, mas do que qualquer outro tipo de obra entra para a história pelo que ele é naquele momento.Também não ajuda o fato de que a nostalgia vive se intrometendo no senso crítico dos ditos jornalistas de jogos de hoje.Eu creio que tirar a momentualidade é um jeito de elevar um pouco a condição cultural do jogo á uma coisa mais perene do que a que ele representa no momento em que é lançado.O que é difícil, porque o mercado está á cada dia. mais saturado de versões, remakes, e sequências que não adicionam muita coisa ao original.


Apesar dos pesares, a influÊncia de Halo na cultura dos jogos é algo tremendo.Não só algumas de suas mecânicas foram apropriadas pela grande maioria dos títulos que o seguiram (e que queriam uma fatia do seu público), como alguns outros jogos não fazem a menor questão de serem sutis em copiá-lo completamente (o recente jogo de tiro para Wii The Conduit é um bom exemplo).Não só isso, como a sua imensa popularidade nos EUA fez ele figurar em programas de TV e até virar notícia em jornais (basta lembrar do burburinho causado pelo lançamento de Halo 3, há dois anos atrás; o título foi alardeado como "o maior evento da indústria do entretenimento", e, sim, vendeu á beça - pra ser batido no ano seguinte por Grand Theft Auto 4).Uma série de animação que usa a engine do jogo, Red Vs. Blue, que zoa com as angústias existenciais dos personagens de uma partida de multiplayer, também ganhou notoriedade, e abriu espaço para a cultura dos machinima (animações feitas dessa forma).Isso sem contar os montes de pseudo-ações de merchandising que expandem, de forma desengonçada, o universo do jogo, como os mencionados livros, uma graphic novel (com uma história que foi até desenhada pelo Moebius, uma das lendas do quadrinho francês), uma futura série de animes, e até um filme que seria dirigido pelo Peter Jackson, se não tivesse sido cancelado (mas as suas sobras acabaram formando Distrito 9, um dos filmes mais elogiados desse ano).Diabo, que eu saiba, tem até uma música da Beyónce, a calipígia diva do R&b pré-fabricado norte-americano chamada Halo.


Pois bem, Halo é um treco bem grande, ao que parece.Então, acho que o jogo não teria se tornado um força cultural tão grande se apenas estivesse no lugar certo e na hora certa, como eu disse antes; há uma certa adequação cultural que permitiu que ele virasse essa coisa toda.Pensemos bem: o sucesso de Halo se deu principalmente nos Estados Unidos, que conta não apenas pela uma base maior de Xboxes instalados, mas também nutre um certo fetiche pela sua própria tradição militarista-belicista.Explico: durante a sua jornada, Master Chief (que por si só, já é uma figura atávica da cultura militar, o soldado solitário) é auxiliado por vários soldados espaciais, cuja estrutura de organização lembra em muito a hierarquia militar com a qual estamos acostumados.Todos aqueles sobretons de patriotismo e heroísmo tão comuns na cultura norte-americana estão presentes, ainda que de forma sutil, no fiapo de narrativa do jogo.E isso tudo acaba de certa forma projetado no modo multijogador, que normalmente reproduz os conflitos da história central de uma forma mais solta.OK, pode parecer que eu estou viajando aqui, mas, pensando no papel de Halo no contexto cultural de um mundo pós-11/9, em que as soluções militaristas passaram a ser cada vez mais malvistas numa escala global, a roupagem escapista presente em Halo parece mais apropriada para repassar velhos conceitos em tempo modernos.


Fato é, Halo é um jogo bastante competente no que é; não inova, porém otimiza vários aspectos datados de um gênero estagnado, estabelecendo conceitos que viriam a se tornar o padrão.A sua narrativa também é simples, mas tem carisma (não dá pra não amar os nomes nonsense de cada fase, que parecem que tiram um sarro da aura de "cara durão" do jogo).No final das contas, o espetáculo, o barulho, o conflito, são coisas que tem valor cultural tão duradouro quanto aqueles outros elementos que os críticos de nariz empinado (hu-hum) gostam.A franquia Halo continua dando os seus frutos; a terrivelmente nomeada expansão/sequência de Halo 3, ODST (que quer dizer Orbital Drop Shock Trooper, nada a ver com Doenças Sexualmente Transmissíveis), acabou de ser lançado, e está sendo recebida muito positivamente pela crítica; ao que parece, Halo não vai parar de dar crias em algum tempo.O jogo original, apesar de ter o seu charme, ficou algo arcaico, e a conversão para o PC é muito meia-boca (o jogo sofre de uma lentidão assustadora, mesmo tendo sido lançado em 2003) para ser recomendada.Realmente, o jogo é melhor do que eu esperava, sendo do-contra como eu sou, mas, honestamente, se um dia a humanidade descobrir o sentido da vida, certamente não vai ser jogando Halo.