sábado, 21 de junho de 2008

Aniversário de um ano, e algumas conclusões.



Pois é.Nesta mesma data, á um ano atrás, durante uma quinta-feira tediosa, este que vos escreve pensou "Oras, eu gosto de escrever, jogo videogame maniacamente, e ultimamente só tenho jogado jogo velho.Porque não relatar essas experiências num blog?".E catampimba, surgiu o Gamer Atrasado.Não houve muita premeditariedade na criação do blog, embora eu estivesse um pouco influenciado pelas leituras de alguns outros blogs.E um ano é uma duração razoável para um projeto nascido do tédio e da impulsividade.

Não sei se mudaram muitas coisas de um ano pra cá.Eu continuo ferrado na escola , sem namorada ou qualquer esboço de vida social.Felizmente (ou não), o estímulo de escrever sobre jogos servem para colocar mais lenha na fogueira metafórica da minha misantropia.Quando eu comecei a escrever, eu não tinha noção direito do que exatamente escrever nas análise, o que fez com que as primeiras análises do blog fossem um pouco fracas.Acho eu que com o tempo, acabei desenvolvendo algo semelhante á um estilo de escrita, que provavelmente surgiu de algumas insatisfações á respeito da maioria das análises de jogos que eu lia e continuo lendo internet afora.Por exemplo, a certa falta de profundidade da maioria dessas análises á respeito do conteúdo mais subjetivo dos jogos, esse vício á descrição de gráficos-história-jogabilidade.Veja bem, um análise de um filme não gasta muito tempo falando de aspectos técnicos, como iluminação e cenários, e sim falando de seu sentido final e da experiência dele, então para as análises acompanharem o nível de sofisticação dos jogos, elas também que subir um pouco o nível.È bem verdade que talvez isso seja uma desculpa pro fato de que eu não presto muito atenção á detalhes como gráficos e som, mais paciência; cada qual com seu cada qual.

Outra coisa que me motivou foi uma certa vontade de indexar os jogos não muito antigos que ninguém lembra direito.Minha intenção jogando os jogos antigos era justamente aprender as suas mecânicas exclusivas e narrativas diferenciadas, ou simplesmente conferir o que eu perdi porque na época do lançamento deles eu tava jogando Pokémon ou Jet Force Gemini.Eu tenho a intenção de me tornar um designer de jogos (apesar de que no Brasil isso é uma profissão tão palpável quanto adestrador de elefantes), portanto, jogar jogos antigos é um aprendizado desses conhecimentos intangíveis de designer, além de mera diversão.E mesmo com o blog um pouco restrito apenas á análises de jogos, eu tentei dar uma flexibilizada no modelo para falar de outros assuntos pertinentes ao jogo em questão, o que permite dar uma viajada para longe do assunto.Isso aconteceu algumas vezes já, e provavelmente vão continuar acontecendo com o tempo.

Penasando bem, algumas coisas mudaram de um ano pra cá.Tocando nos assuntos das viagens, lembrando a análise de GTA 3 (produzida no calor do momento da proibição do Counter-Strike e do Everquest), aparentemente a opinião pública á respeito dos jogos está se mudou um pouco depois do episódio, como denunciam umas reportagens recentes surpreedentementes lúcidas á respeito do assunto em publicações como a Veja e a Època em virtude do lançamento do GTA 4 (mas isso não signfica que eu virei amiguinho da Editora Abril ou das Organizações Globo - tá, eles acertam de vez em quando, mas não é o bastante para redimir a pilha de bobagens que eles -principalmente a primeira- publicam toda semana).Ops, lá vou bancar o anarquista radical de novo.

Enfim, acho que o meu próprio estilo está se sofisticando aos poucos.As análises estão ficando maiores e mais concisas, mas isso é só a minha impressão, afinal de contas, praticamente ninguém comenta no blog mesmo com um ano de vida(isso eu supondo que alguém sequer VISITA esse blog - mas também com esse logo feioso feito no Paintbrush, e as minhas limitadas capacidades de promoção, também eu queria o que).Sei lá, quem sabe é a minha mania de só fazer análises depois eu zero os jogos (o que conduz á uma burocratização perigosa da atividade supostamente lúdica de jogar um jogo) leva ao blog á ter menos postagens do que seria interesssante para o público internético insaciável por conteúdo fresco.Mas admito que quinze análises jogos (catorze - Psychonauts não vale, eu zerei esse jogo em abril de 2006) em um ano é relativamente pouco.È, tiveram alguns Top 7s, mas eu oficialmente desisti de faze-lôs, porque 1)Eu não tenho conhecimento de games amplo o suficiente pra fazer esses negócios interessantes; 2)Eles dão informação de forma fragmentade e simplória, o que definitivamente não é o objetivo desse blog; e 3)Depois de fazer uma lista dos meus jogos favoritos, não faz muito sentido inventariar melhores de alguma coisa em listinhas.

Enfim, falando dos comentários, gostaria de tomar esse momento para agradecer todo mundo que me apoiou nesse último ano, através de comentários e elogios dentro e fora do blog.Afinal de contas, eu escrevo justamente porque eu quero que alguém leia.O blog não é nada sem os seus leitores.Eu peço que, aos que gostam do blog, e leêm com alguma frequência (independente de que o Sitemeter diga que eu tenho zero acessos por semana) continuem lendo, porque provavelmente eu não vou terminar com esse blog tão cedo.Veremos para onde vamos daqui pra frente.

domingo, 8 de junho de 2008

Nur Mann Des Krieges

Eu adoro jogos de navinha.Eu sei, eles não são complexos, não sugam milhares de horas de jogo, e não tem ensinamentos filosóficos subjetivos de que eu tanto gosto de ressaltar nos jogos.Porém, a simplicidade e intensidade da ação tornam esses jogos divertidos e acessíveis para o homem comum, o suficiente para merecerem ser conferidos.Mas nesses novos tempos modernos de pontos de experiência, finais múltiplos e quick time events, esses jogos assumidamente simples perderam um pouco de espaço (apesar de que a recente onda retrô nos jogos downloadáveis em Xbox Lives da vida está os popularizando novamente).Apesar disso, algumas empresas tentaram explorar novas possibilidades desse gênero fora do mundo dos arcades.E uma dessas tentativas foi surpreendente, tanto em origem quanto em resultado.


Einhänder foi lançado para o Playstation em 1998 pela Squaresoft, aquela empresa que é conhecida principalmente pelos seus RPGs épicos, compridos, e de protagonistas de sexualidade indefinida (e que vai ter vários de seus jogos analisados futuramente nesse eclético site).Por isso, é uma surpresa o fato de os caras terem se aventurado num gênero tão pouco reflexivo quanto este.Einhänder, que em alemão quer dizer "o de mão única" numa referência ao uso de uma espada (se pronuncia "airrander", e se você quiser obter todo o efeito, levante-se e bata na mesa enquanto fala isso encarando de olhos esbugalhados os presentes no recinto), é um shooter (ou schmup, ou jogo de navinha, que seja) visto de lado, como R-Type e Gradius,e por isso é mais digamos, metódico, porque neste o desafio esta em destruir e se esquivar dos inimigos em poucos e cautelosos movimentos, ao contrário da maioria dos vistos de cima, adequadamente apelidados de "manic shooters", em que o objetivo é desviar de milhões de balas na telaao mesmo tempo.Mas o que os dois subgêneros tem em comum (e Einhänder não é exceção) é que são todos desafiadores.Pra não dizer difíceis mesmo.


O jogo se passa num futuro distante, onde as nações da Terra e as colônias da Lua entraram em guerra.No começo, a Lua levou a vantagem, mas devido á falta de recursos, a Terra recuperou-se no conflito.Por isso, a Lua adotou a estratégia de enviar para a Terra naves em missões suicidas para causar o máximo possível de dano ao planeta.E é o jogador que encarna o piloto de uma dessas naves.Em jogos como esse, a história é normalmente apenas um apêndice, mas Einhänder apresenta um interessante surpresa nesse conceito introduzindo uma reviravolta na trama lá pelo final do jogo.Mesmo com o jogo sendo feito por uma empresa famosa por suas tramas sensacionalmente rocambolescas, é algo digno de nota.E o nome do jogo em alemão não é por acaso, já que existe uma certa temática germânica sutil impressa no jogo, com chefes te provocando em alemão, por exemplo.Ou vai ver é a aquela obsessão dos japoneses em avacalhar idiomas dos outros.


Mas vamos falar dos aspectos práticos, já que ultimamente eu ando muito metafísico.Todo jogo de navinha bom precisa de um bom sistema de ação com um diferencial, e Einhänder tem isso.Durante o percurso da nave, ocasionalmente aparecem alguns inimigos mais parrudos, portando armas poderosas; se o jogador destruir um deles, ele pode se apoderar de um desses tipos de armas, que incluem mísseis, metralhadoras, canhões e até uma espada laser.Inicialmente, o jogador pode escolher entre três tipos de naves diferentes (podendo liberar mais dois á custa de muito esforço), que se relacionam de forma diferente com esses power-ups: um nave pode controlar três destes, mas apenas um por vez, outra pode controlar dois ao mesmo tempo, e ainda há uma que controla apenas um, mas tem um tiro básico mais forte.E possível trocar o power-up de lugar (acima ou abaixo da nave), e isso se torna estratégico em alguns momentos, porque essas armas podem absorver alguns dos tiros disparados contra a sua nave azulzinha.


Outro diferencial deste jogo é que os gráficos são completamente em 3D, ao contrário da maioria dos games do gênero, que tem gráficos em sprites 2D.Quer dizer, é o 3D vagabundo do Playstation, mas dá pro gasto, visto que a novidade visual realmente interessante é o fato de que a câmera do jogo, apesar de normalmente ficar focada na visão bimendisional, as vezes gira e se contorce, apresentando a ação de outros ângulos.Este truque não prejudica a visão do jogador, o que poderia comprometer a ação, e é usado para dar uma perspectiva mais cinematográfica a esta.O recurso é usado com sobriedade durante o jogo, exceto durante a rodopiante batalha contra o chefe final, onde a câmera simplesmente pira.Por falar nisso, outra característica do gênero que esta incursão cumpre com louvor são as batalhas contra chefes.Todos eles tem múltiplas partes para serem destruídas, o que permite diversas estratégias de combate (mas atirar até o desgraçado morrer também funciona).Além disso, toda fase tem pelo menos um subchefe e um chefe, e são eles normalmente os responsáveis por levar a maior parte das suas vidas.Digno de comentário também é a excelente trilha sonora, que ao invés de composições orquestradas, aposta em música eletrônica, além de momento de hip-hop, industrial e solos de piano.


E agora chegamos num tópico sensível de todo jogo de navinha: a dificuldade.Esses jogos normalmente costumam ser bem mais difíceis que os demais (deve haver uma conexão entre jogos protagonizados por objetos voadores e dificuldades ridículas), mas isso é explicado pelo fato de que a maioria deles fora lançado para os arcades, que produzem continues a base dos trocados do jogador.Como Einhänder não é uma adaptação de um jogo de arcade, como a maioria dos schmups lançados para consoles, ele começa com um limite fechado de três vidas e dez continues, independente da dificuldade selecionada.Parece muito, mas não é, já que a sua nave explode em contato com um mísero tiro (ou trombada com objeto próximo).Isso leva á uma série de mortes baratas, e ás vezes geradas mais por erros bobos do jogador que propriamente falta de habilidade (ESPECIALMENTE no insuportável subchefe do nível 3).Outra coisa que irrita é que toda vez que a nave é destruída, a tela se apaga e a nave recomeça de um checkpoint denominado pelo jogo.Isso torna a experiência um pouco truncada em alguns momentos, e faz o jogador perder um pouco da concentração acumulada, gerando empacação em certas partes, sem contar que alguns checkpoints são muito distantes uns dos outros.Apesar disso, existe sim uma curva de dificuldade, e á cada sessão de jogo o jogador pode se ver chegando um cada mais longe.


Einhänder é relativamente curto, mesmo para um jogo de navinha, contanto com sete fases (no duro, no duro, são 5 fases, mais duas batalhas estendidas contra chefes), e não há fases bônus ou modo para dois jogadores.O jogo recompensa quem terminá-lo nas três dificuldades disponíveis com galerias de imagens, e existem vários bônus secretos espalhados pelas fases, mas o fator replay (essa expressão é horrível, só pra constar) continua pequeno, visto que repassar diversas vezes os mesmos desafios, muitas vezes morrendo-se em pontos em que antes se passava incólume, pode ser um bocado frustrante para a maioria dos seres humanos.Mesmo assim, jogadores hardcore viciados malucos podem contar com uma competente comparação e tabela de scores.


Einhänder é sem dúvida uma das melhores alternativas para fãs de jogos de navinha (eita, acho que eu usei a expressão "jogos de navinha" pelo menos uma dez vezes por parágrafo nessa ánalise), e um jogo cuja conferida é obrigatória para os fãs do gênero.Acho eu que este não é meu shooter preferido (o título vai para o brilhante Axelay, para o Super Nintendo), mas talvez seja só eu que o joguei pouco.Talvez não agrade a gregos e troianos, mas que curte um desafio um pouco direto e ligeiramente cruel vai gostar.O jogo não tem uma sequência, (existe um "trailer" rolando na net, mas... deixa pra lá) apesar dos clamores dos inúmeros fãs, e da certa propensão da Square em sequencializar ao extremo suas criações.Mas isso deve dar aquela camada de unicidade torna o jogo ainda mais memorável para quem o jogar.


(P.S:O título da análise quer dizer “Guerra de Um Homem Só” em alemão.Segundo o muito confiável Google Translator...)