domingo, 8 de junho de 2008

Nur Mann Des Krieges

Eu adoro jogos de navinha.Eu sei, eles não são complexos, não sugam milhares de horas de jogo, e não tem ensinamentos filosóficos subjetivos de que eu tanto gosto de ressaltar nos jogos.Porém, a simplicidade e intensidade da ação tornam esses jogos divertidos e acessíveis para o homem comum, o suficiente para merecerem ser conferidos.Mas nesses novos tempos modernos de pontos de experiência, finais múltiplos e quick time events, esses jogos assumidamente simples perderam um pouco de espaço (apesar de que a recente onda retrô nos jogos downloadáveis em Xbox Lives da vida está os popularizando novamente).Apesar disso, algumas empresas tentaram explorar novas possibilidades desse gênero fora do mundo dos arcades.E uma dessas tentativas foi surpreendente, tanto em origem quanto em resultado.


Einhänder foi lançado para o Playstation em 1998 pela Squaresoft, aquela empresa que é conhecida principalmente pelos seus RPGs épicos, compridos, e de protagonistas de sexualidade indefinida (e que vai ter vários de seus jogos analisados futuramente nesse eclético site).Por isso, é uma surpresa o fato de os caras terem se aventurado num gênero tão pouco reflexivo quanto este.Einhänder, que em alemão quer dizer "o de mão única" numa referência ao uso de uma espada (se pronuncia "airrander", e se você quiser obter todo o efeito, levante-se e bata na mesa enquanto fala isso encarando de olhos esbugalhados os presentes no recinto), é um shooter (ou schmup, ou jogo de navinha, que seja) visto de lado, como R-Type e Gradius,e por isso é mais digamos, metódico, porque neste o desafio esta em destruir e se esquivar dos inimigos em poucos e cautelosos movimentos, ao contrário da maioria dos vistos de cima, adequadamente apelidados de "manic shooters", em que o objetivo é desviar de milhões de balas na telaao mesmo tempo.Mas o que os dois subgêneros tem em comum (e Einhänder não é exceção) é que são todos desafiadores.Pra não dizer difíceis mesmo.


O jogo se passa num futuro distante, onde as nações da Terra e as colônias da Lua entraram em guerra.No começo, a Lua levou a vantagem, mas devido á falta de recursos, a Terra recuperou-se no conflito.Por isso, a Lua adotou a estratégia de enviar para a Terra naves em missões suicidas para causar o máximo possível de dano ao planeta.E é o jogador que encarna o piloto de uma dessas naves.Em jogos como esse, a história é normalmente apenas um apêndice, mas Einhänder apresenta um interessante surpresa nesse conceito introduzindo uma reviravolta na trama lá pelo final do jogo.Mesmo com o jogo sendo feito por uma empresa famosa por suas tramas sensacionalmente rocambolescas, é algo digno de nota.E o nome do jogo em alemão não é por acaso, já que existe uma certa temática germânica sutil impressa no jogo, com chefes te provocando em alemão, por exemplo.Ou vai ver é a aquela obsessão dos japoneses em avacalhar idiomas dos outros.


Mas vamos falar dos aspectos práticos, já que ultimamente eu ando muito metafísico.Todo jogo de navinha bom precisa de um bom sistema de ação com um diferencial, e Einhänder tem isso.Durante o percurso da nave, ocasionalmente aparecem alguns inimigos mais parrudos, portando armas poderosas; se o jogador destruir um deles, ele pode se apoderar de um desses tipos de armas, que incluem mísseis, metralhadoras, canhões e até uma espada laser.Inicialmente, o jogador pode escolher entre três tipos de naves diferentes (podendo liberar mais dois á custa de muito esforço), que se relacionam de forma diferente com esses power-ups: um nave pode controlar três destes, mas apenas um por vez, outra pode controlar dois ao mesmo tempo, e ainda há uma que controla apenas um, mas tem um tiro básico mais forte.E possível trocar o power-up de lugar (acima ou abaixo da nave), e isso se torna estratégico em alguns momentos, porque essas armas podem absorver alguns dos tiros disparados contra a sua nave azulzinha.


Outro diferencial deste jogo é que os gráficos são completamente em 3D, ao contrário da maioria dos games do gênero, que tem gráficos em sprites 2D.Quer dizer, é o 3D vagabundo do Playstation, mas dá pro gasto, visto que a novidade visual realmente interessante é o fato de que a câmera do jogo, apesar de normalmente ficar focada na visão bimendisional, as vezes gira e se contorce, apresentando a ação de outros ângulos.Este truque não prejudica a visão do jogador, o que poderia comprometer a ação, e é usado para dar uma perspectiva mais cinematográfica a esta.O recurso é usado com sobriedade durante o jogo, exceto durante a rodopiante batalha contra o chefe final, onde a câmera simplesmente pira.Por falar nisso, outra característica do gênero que esta incursão cumpre com louvor são as batalhas contra chefes.Todos eles tem múltiplas partes para serem destruídas, o que permite diversas estratégias de combate (mas atirar até o desgraçado morrer também funciona).Além disso, toda fase tem pelo menos um subchefe e um chefe, e são eles normalmente os responsáveis por levar a maior parte das suas vidas.Digno de comentário também é a excelente trilha sonora, que ao invés de composições orquestradas, aposta em música eletrônica, além de momento de hip-hop, industrial e solos de piano.


E agora chegamos num tópico sensível de todo jogo de navinha: a dificuldade.Esses jogos normalmente costumam ser bem mais difíceis que os demais (deve haver uma conexão entre jogos protagonizados por objetos voadores e dificuldades ridículas), mas isso é explicado pelo fato de que a maioria deles fora lançado para os arcades, que produzem continues a base dos trocados do jogador.Como Einhänder não é uma adaptação de um jogo de arcade, como a maioria dos schmups lançados para consoles, ele começa com um limite fechado de três vidas e dez continues, independente da dificuldade selecionada.Parece muito, mas não é, já que a sua nave explode em contato com um mísero tiro (ou trombada com objeto próximo).Isso leva á uma série de mortes baratas, e ás vezes geradas mais por erros bobos do jogador que propriamente falta de habilidade (ESPECIALMENTE no insuportável subchefe do nível 3).Outra coisa que irrita é que toda vez que a nave é destruída, a tela se apaga e a nave recomeça de um checkpoint denominado pelo jogo.Isso torna a experiência um pouco truncada em alguns momentos, e faz o jogador perder um pouco da concentração acumulada, gerando empacação em certas partes, sem contar que alguns checkpoints são muito distantes uns dos outros.Apesar disso, existe sim uma curva de dificuldade, e á cada sessão de jogo o jogador pode se ver chegando um cada mais longe.


Einhänder é relativamente curto, mesmo para um jogo de navinha, contanto com sete fases (no duro, no duro, são 5 fases, mais duas batalhas estendidas contra chefes), e não há fases bônus ou modo para dois jogadores.O jogo recompensa quem terminá-lo nas três dificuldades disponíveis com galerias de imagens, e existem vários bônus secretos espalhados pelas fases, mas o fator replay (essa expressão é horrível, só pra constar) continua pequeno, visto que repassar diversas vezes os mesmos desafios, muitas vezes morrendo-se em pontos em que antes se passava incólume, pode ser um bocado frustrante para a maioria dos seres humanos.Mesmo assim, jogadores hardcore viciados malucos podem contar com uma competente comparação e tabela de scores.


Einhänder é sem dúvida uma das melhores alternativas para fãs de jogos de navinha (eita, acho que eu usei a expressão "jogos de navinha" pelo menos uma dez vezes por parágrafo nessa ánalise), e um jogo cuja conferida é obrigatória para os fãs do gênero.Acho eu que este não é meu shooter preferido (o título vai para o brilhante Axelay, para o Super Nintendo), mas talvez seja só eu que o joguei pouco.Talvez não agrade a gregos e troianos, mas que curte um desafio um pouco direto e ligeiramente cruel vai gostar.O jogo não tem uma sequência, (existe um "trailer" rolando na net, mas... deixa pra lá) apesar dos clamores dos inúmeros fãs, e da certa propensão da Square em sequencializar ao extremo suas criações.Mas isso deve dar aquela camada de unicidade torna o jogo ainda mais memorável para quem o jogar.


(P.S:O título da análise quer dizer “Guerra de Um Homem Só” em alemão.Segundo o muito confiável Google Translator...)

4 comentários:

Anônimo disse...

Lala, você conseguiu me fazer jogar videogame, porque estou jogando Wario Ware. Seu processo de nerdificação está surtindo efeito.

Anônimo disse...

Mario é the Best,iRaDo

Gersão disse...

E aí camarada! Estava navegando na net e lembrei de procurar o significado da palavra einhander, foi então que me deparei com seu post e me obrigei a ler.
A principio eu não iria comentar nada mas me identifiquei com a parte: "...jogadores hardcore viciados malucos podem contar com uma competente comparação e tabela de scores." e me lembrei que jogei esse game quase todos os dias durante 4 anos.
Agora até me bateu uma saudade de jogar.
Seu post ficou 10, eu não teria descrito melhor!
um abraço.

Blog do Derick disse...

E ae mano, tá aqui mais um dos "...jogadores hardcore viciados malucos..." que é super fã desse game, e tbm de sua trilha sonora, q como músico devo dizer é sençacional, tbm gastei muitos dias jogando esse game e sempre tive curiosidade com relçao a história, a muito tempo não jogava, desde de a lamentávl morte de meu PS, e agora que baixei um emulador estou jogando novamente, e seu artigo sobre o jogo sem dú vida vai ajudar a manter minha reputação de "jogador, Hardcore, Viciado, Maluco
Vlw