quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Se Essa Masmorra Fosse Minha

Quem lê este errático blog á algum tempo já deve ter reparado que eu tenho certas predileções por certos gêneros de jogos sobre outros; não existem análises de jogos de corrida, musicais ou de estratégia no acervo de análises, por exemplo (e pode ter certeza que eu jamais vou analisar jogos de futebol- jamais).Não que eu não goste desses gêneros, só por causa que eles não costumam ter os atrativos comuns nos jogos que eu procuro analisar, como mensagens ocultas complexas e narrativas convolutas.Eu já passei bons tempos com jogos de estratégia, e já fui muito viciado em uma penca de jogos de simulação.Então, fiquei satisfeito em descobrir um título que unia elementos desses dois últimos gêneros, com toques de humor negro e boas idéias.E eu não tenho mais nada pra falar sem tornar a introdução frívola ou enrolativa, então vamos iniciar logo os trabalhos (e a guerra por introduções melhores continua...)


Dungeon Keeper 2 foi lançado em 1999 para PCs pela softhouse inglesa Bullfrog, estúdio que também lançou um dos simuladores mais bacanas do universo conhecido, Theme Hospital, antes de ser comprada pela corporação capitalista malvada e sem piedade conhecida como Eletronic Arts, e posteriormente dissolvida e tendo seus funcionários condenados a trabalhar em jogos do Harry Potter (alguns desgarrados da Bullfrog acabaram formando uma nova empresa, a Mucky Foot, que lançou outro simulador do qual eu também gosto muito, Startopia- e que vendeu aproximadamente meia-dúzia de cópias).Por essas credenciais, um título da empresa já gera alguma expectativa de qualidade neste volúvel e desconcentrado analisador, ainda mais se tiver uma premissa interessante como a de DK2.Sequência (de um outro Dungeon Keeper, lançado dois anos antes, (e capitaneado pelo designer-estrela Peter Molyneux- sim, o tiozinho de Fable), o jogos coloca o jogador na pele enrugada e putrescente de um administrador de masmorras, daquelas que tantas vezes em outros jogos invadimos como elfos, anões e bárbaros vindos de regiões desérticas.Aqui, o jogador fica a cargo justamente de repelir esses patéticos guerreiros do bem, controlando um exército de criaturas sinistras.


Inicialmente eu esperava que Dungeon Keeper 2 fosse um jogo onde o jogador posiciona meticulosamente armadilhas e criaturas por um labirinto com o intuito de decimar os tolos heróis que adentrassem o seu lar, tal e qual um anti-Diablo.Mas na verdade, o jogo é uma mistura de simulador e estratégia um pouco mais convencional, e provavelmente não será estranho a qualquer jogador experiente desses gêneros.No início de uma partida, o jogador normalmente tem a disposição apenas uns poucos Imps, que são a força trabalhadora da sua masmorra, e o seu Dungeon Heart, que é o centro vital da instalação (e que se for destruído, o seu jogo acaba).O jogador expande o território cavando pela rocha, já que toda a ação do jogo se passa nos subterrâneos, e assim também obtém o principal recurso do jogo, o ouro, que se encontra nas rochas próximas, e é com ele que se constrói as muitas salas da masmorra.Cada sala tem sua importância na manutenção da masmorra; você vai precisar de um Lair para as suas criaturas descansarem, uma Hatchery para eles se alimentarem, uma Training Room para eles ficarem mais fortes, e de uma Treasury para armazenar as riquezas acumuladas (vale lembrar o ouro só pode ser gasto se estiver fisicamente armazenado na Treasury ou na área próxima ao Dungeon Heart- se a sua Treasury for muito pequena, vai haver um limite para sua riqueza), entre outras.As criaturas chegam a sua masmorra através de um Portal, que precisa ser convertido pelos seus Imps para poder permitir a entrada delas.


E cada tipo de criatura tem suas próprias exigências:enquanto algumas criaturas só surgem depois de uma sala em especial ser construída, como os Warlocks, Trolls e Dark Elfs, outras precisam ser "produzidas" a partir dos seus inimigos capturados e mortos em salas especiais (e ás vezes até das suas próprias- você é mau, esqueceu?), como os Skeletons e Vampires, algumas outras precisam de cuidados especiais, como os Bile Demons, que consomem quilos de comida.As criaturas, porém, tem mais funções na sua masmorra além de simplesmente servir como o seus exército maligno; Warlocks e Vampires podem pesquisar novos feitiços, Trolls e Bile Demons produzem armadilhas para "enfeitar" os seus domínios, e as Mistress ajudam a torturar seus inimigos na Torture Chamber de modo á convertê-los para o seu exército (eu disse que você era mau!).Além disso, certas criaturas têm vantagens sobre outras; Salamanders podem andar sobre a lava, e Skeletons são imunes á armadilhas de medo.Mas para manter a sua trupe diabólica, é necessário manter as necessidades dela em dia, com comida e um cantinho no Lair para cada uma, além de ter ouro o suficiente para pagar todos quando chegar o temido dia do pagamento.Uma criatura que ficar com o humor muito baixo não hesitará em se mandar da sua masmorra, apesar de isso não acontecer com muita frequência.O que acontece com frequência sim, é você escutar que uma das criaturas não está satisfeita por não ter sido paga/alimentada/descansada (esse último certamente não é um verbo, mas vocês entenderam), mesmo quando você tem ouro/comida/espaço no Lair o suficiente.Isso acontece muitas vezes por causa do fato de que o layout da sua masmorra é confuso, mas criar um layout simples talvez seja uma tarefa esotérica demais para o jogador comum.


È claro, um senhor do mal conta com mais recursos do que proficiência em microadministração para conseguir triunfar na sua campanha contra as forças do bem;o jogador tem a sua disposição um arsenal de feitiços, que fazem desde criar novos imps, recuperar a energia das suas criaturas e conjurar ouro até causar terremotos e explosões que causam dano ás criaturas inimigas (mas vale lembrar que só pode se usar feitiços no território da masmorra que for seu).O uso de feitiços consome mana, que é o segundo recurso consumível do jogo, e que aqui, como num RPG, se recupera com o tempo.E o feitiço mais útil (e mais legal) é o de possessão, que permite entrar diretamente na cabeça de uma das suas criaturas, fazendo o jogo trocar de perspectiva de para primeira pessoa.Nesse modo, é possível explorar o terreno e fazer uso de habilidades específicas da criatura.O combate nessa visão é meio atrapalhado, porque é preciso estar numa certa distância do inimigo e os todos ataques precisam ser recarregados após serem utilizados.Mas em determinadas situações de jogo essa habilidade é imprescindível, visto que não é possível dar ordem diretas ás suas criaturas, apenas pegá-las com sua mão malvada (o cursor do mouse, o seu método de interação com o jogo) e soltá-as em algum lugar; elas partirão pra cima se houver inimigos por perto, e recuarão se estiverem com pouca energia.È possível direcionar todas as criaturas para um ponto com o feitiço Call to Arms (o único que pode ser "feitiçado"- tô inventando verbos hoje, gente- em qualquer ponto do mapa, não apenas naqueles convertidos para o seu território), o que é útil na hora de fazer aquele ataque destruidor á base dos seus inimigos.Apesar de o combate ser uma parte bastante importante de DK2 (toda missão envolve algum embate contra heróis ou criaturas inimigas), essas decisões de design fazem com que ele fique um pouco simplista, resumindo á estratégia de criar um grupo grande criaturas e cair matando (o que, apesar dos pesares, sempre funcionava comigo quando eu jogava Warcraft 3 á uns anos atrás).Mas isso não é plenamente negativo, visto que o jogo pesa mais na parte de simulação do que na de estratégia.


E você pode evitar os combates com ajuda das armadilhas, aquelas construídas pelos seus Trolls; você pode escolher um ponto do mapa para instalar a armadilha em questão, e aí é só esperar um inimigo incauto passar para vê-la em ação(uma mecânica que me lembra um pouco outro jogo do gênero simulação/estratégia/"hahaha, como eu sou mau", Evil Genius.Pena que esse jogo não era tão bom quanto a sua música-tema).As armadilhas variam de tipo e efeito, desde portas e barricadas até canhões, espinhos saindo do chão, pedras rolantes e gás venenoso.Por mais legal que seja transformar os corredores da sua masmorra numa réplica do Templo da Perdição (menos os carrinhos de mina- eu sou a favor de mais carrinhos de mina nos jogos contemporâneos), as armadilhas não tem tanta utilidade prática (a não ser em estratégias maiores e missões mais complicadas), tanto porque a maioria só dá conta de um inimigo por vez, e sua masmorra é sempre invadida por bandos de inimigos, tanto porque elas são relativamente fracas, podendo ser destruídas por um grupo perseverante (ou desocupado) de inimigos, principalmente considerando que elas gastam um certo tempo e ouro para serem produzidas.Por fim, outro fator importante é a possibilidade de invocar o Horned Reaper (Ceifador Chifrudo, para nós lusófonos), apelidado afeiçoadamente de Horny.Por uma quantidade ridiculamente alta de mana, você pode convocar os serviços da figura demoníaca, que é invencível e destrói tudo pelo caminho (incluindo suas reservas de mana).O tal monstrengo é o mais próximo de mascote que a série tem, e é a figura mais proeminente nos filminhos que acompanham o jogo.


Existe uma série de modos no qual se pode jogar DK2, é o principal modo deles é o de Campanha, que é acompanhado por um arremedo de narrativa que conta a saga de você, um simplório administrador de masmorras (bem menos glamuroso que Dungeon Keeper, não acha?Mas eu já estourei minha cotas de palavras em inglês no segundo e terceiro parágrafo) em busca das Portal Gems, pedras mágicas que abririam um portal para o mundo da superfície (é também um pano de fundo para uma futura sequência- o jogo vem até com um teaser para um DK3!).Cada pedra é guardada por um valoroso guerreiro num reino de nome irritantemente feliz, e cabe a você encontrar um jeito de derrotar o herói em questão.As missões desse modo tem uma variedade considerável, colocando você contra as forças do bem e também Keepers rivais, e nenhuma missão tem o mesmo objetivo que a outra.Também, há esforço para apresentar uma unidade ou instalação nova a cada missões, o que torna o jogo constantemente interessante.Apesar da variedade, os cenários se mantém praticamente os mesmo durante o jogo todo (o mesmo ambiente subterrâneo pedregoso, com eventuais lagos e rios de lava), e como as missões são longas e numerosas, o visual pode enjoar a vista.Mas essa crítica vem de um indivíduo que nunca lembra de falar do aspecto visual dos jogos, então, sei lá (incrível a minha capacidade de minar a minha própria credibilidade).Outros aspectos, porém, são mais dignos de comentário; os seus Imps, por exemplo, são criaturinhas hiperativas que convertem todo o terreno que acharem para a sua masmorra.O problema é que eles repetidas vezes tentaram converter terrenos inimigos, mesmo se houverem criaturas hostis lá.Como eles não atacam, isso faz com que muitos Imps sejam destruídos sem necessidade ou atraiam inimigos para a sua masmorra em horas impróprias, entre outras burradas.Por outro lado, muitas vezes os seus Imps simplesmente não fazem o que você quer, como cavar aquele trecho de rocha na cara deles ou trazer criaturas derrotadas do campo de batalha para sua base.Mas se você ficar com raiva deles, é sempre possível sacrificá-los no seu Dungeon Heart para ganhar mana.Por que você é mau, esqueceu?


Além do modo de Campanha, existe o modo My Pet Dungeon, que é o modo sandbox do jogo; aqui, o objetivo é conseguir um certo número de pontos, e não existem limitações do que pode ser feito como em muitas missões do modo de Campanha.As salas são liberadas ao poucos com o tempo, e é possível determinar exatamente quando os seus inimigos vão te atacar.è um modo um pouco mais relaxado, mas também um pouco mais fácil que o modo de Campanha.Há também um modo de partidas rápidas, e também um modo multiplayer, que não foi testado simplesmente porque os servidores estão desertos (não é a primeira vez que isso acontece...), mas também, DK2 não é lá um jogo muito competitivo, por motivos já citados.Mas a inclusão destes modos parece ter sido feita com a intenção de transformar DK2 num título mais convencional.Mas o que realmente torna o jogo interessante são justamente a atenção aos pequenos detalhes, que acentuam o humor negro e nonsense tipicamente britânico que permeia o título.Durante o jogo, você é acompanhado o tempo todo pelo Mentor, um ser oculto de voz notavelmente grave, que, além de lhe informar sobre acontecimentos, explicar detalhes e dar conselhos sobre como guiar a sua masmorra, ele também aproveita para fazer vários comentários sarcásticos sobre a sua performance e as suas criaturas.Existem algumas surpresas divertidas, como o fato de poder estapear suas criaturas a qualquer momento, a presença de uma série de mapas especiais com minigames inusitados, como boliche e golfe, e do clássico da disco music Disco Inferno substituir a música de fundo do jogo toda vez que uma criatura ganha um prêmio na sala Cassino.É lógico, nem todas as piadas acertam; toda vez que uma missão do modo de Campanha é vencida, o jogador é "premiado" com um filminho pré-renderizado curtinho.Essa lógica de premiar o jogador com filminho devia parecer uma boa idéia á uns dez anos atrás, mas hoje para um pouco redundante, ainda mais que boa parte dos filminhos são meio sem graça (ou envolvem piadas com galinhas).


Dungeon Keeper 2 é um título divertido e moderadamente viciante (como todos os bons jogos de simulação), com capacidade de atrair tanto jogadores de estratégia pelo seu profundo e bem interligado sistema de regras, como também aqueles chatos que só gostam de RPGs complexos e filosóficos (tipo eu) pela divertida abordagem subversiva ao tema da fantasia medieval.E apesar do teaser incluído no jogo, a terceira parte da série foi engavetada permanente após a compra e posterior dissolução da Bullfrog (mas a EA hoje em dia é uma empresa legal que faz jogos legais que são fracasso de vendas, então deixa pra lá- e nem adianta pedir pros coitados da Mucky Foot, que hoje em dia devem estar pedindo esmolas na frente de um pub em algum beco escuro na Inglaterra).Mas por incrível que pareça, houve um anúncio recente de que a série seria ressuscitada, porém, como um MMO (!) voltado exclusivamente ao público asiático (!!!).Pois é, só dá maluco.Então, para os que não estão acessando o Gamer Atrasado da República das Pessoas da China (espero que lá eles não tenham censurado meu site...), o melhor é mesmo ir desencavar uma cópia deste título aqui mesmo.Nem que seja apenas para dar vazão ao seu lado de burocrata maquiavélico.


(E porque eu não resistiria a terminar a análise sem fazer essa piada:
“Oh, me so horny/
Oh oh, me so horny/
Oh, me so horny/
Me love LONG time”)

9 comentários:

Anônimo disse...

Vou ter que jogar pra comentar, hauhaua
Pena que lá se foram as férias ¬¬
Estou jogando a série Gothic, depois vê se dá uma olhada.
Abraço

Anônimo disse...

Cara, de boa, entrei pela primeira vez no seu blog agora e tenho que adimitir que ele é fantástico. eu também jogo muito jogo antigo então me identifiquei com este lugar.

Não cheguei a jogar Dungeon Keeper 2, já ouvi algum amigomeu comentando sobre ele. Pretendo jogar um dia - talvez logo que terminar KotOR que comecei há pouco.

Bom, passarei a visitar de agora em diante. =]

A.L.A.S. disse...

Interessante esse jogo. Qualquer dia desse irei atrás de um exemplar para perder algumas horas nele...

E nós continuamos com o problema de não conseguirmos ser mais sucintos (mas quem se importa? XD)

Abraços!

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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